30/09/19

Atrasos nos resultados do apoio às artes | Questões à Ministra da Cultura

Face ao atraso na publicação dos resultados dos concursos bienais de apoio às artes,  a REDE endereçou a seguinte carta à senhora Ministra da Cultura, Drª Graça Fonseca:

"Tendo a senhora Ministra anunciado publicamente, em Março deste ano, que os resultados dos concursos bienais de apoio às artes seriam conhecidos em Setembro, a REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea vem por este meio demonstrar a sua apreensão quanto ao atraso na sua publicação e à falta de cumprimento dos compromissos assumidos.

Este anúncio havia sido amplamente valorizado por todo o setor, reforçado pela ideia de que aconteceria antes das eleições legislativas e, demonstrando total independência, isenção e transparência do processo concursal relativamente ao ciclo político. 
Chegado o final de setembro e esgotado o limite dos prazos anunciados, vimos questionar com preocupação crescente a razão deste atraso. 

Aquando do lançamento dos concursos, a REDE alertou a tutela para a ineficiente e desequilibrada distribuição de verbas entre criação e programação (70% para o domínio da Criação e 30% para o da Programação) e os seus perigos. Entende a REDE que esta distribuição não reflecte o perfil de especialização das entidades anteriormente candidatas e que esta situação é agravada pela regra concursal que obriga as estruturas mistas cujo orçamento em actividades de programação seja igual ou superior a 50% a concorrer a programação e não criação. Acrescendo a tudo isto a informação de que o número de candidaturas nestes concursos tinha aumentado, preocupa-nos que possamos estar perante um problema ainda maior de falta de verbas. 

Gostaríamos assim de saber se existe algum problema relativamente ao concurso que esteja a comprometer a saída dos resultados e se está a senhora Ministra a pensar em soluções nesse caso.
Relativamente ao atraso da saída dos resultados, a situação é igualmente grave no que toca aos concursos de apoio a projetos, cujo anúncio adiado agora para a primeira quinzena de outubro implica que saiam após a data de início de atividade considerada em candidatura. Mais uma vez, não fica cumprida a promessa de antecipação das datas dos concursos, garantia essencial para o planeamento e estruturação da atividade das entidades do setor. 
A direcção da REDE

15/01/19



Declaração Rede - consulta pública à alteração das portarias do Modelo de Apoio às Artes


Em Outubro de 2018, a REDE declarou que os resultados da participação no Grupo de Trabalho de Aperfeiçoamento do Modelo de Apoio às Artes não abrangiam todas as suas preocupações no que concerne o Apoio às Artes, não considerando a REDE, por isso, findo o processo de defesa de um sistema mais adequado à realidade e atualidade nacionais, defendendo ainda que o referido modelo precisava de ser reformulado e não apenas aperfeiçoado.
 
Nesta fase de consulta pública à alteração das portarias, podemos verificar alterações mínimas na legislação, mantendo o modelo, na sua globalidade, a maior parte dos erros apontados pelo GT e pelos documentos previamente criados pelas entidades representativas do sector.

Considerando a diversidade e quantidade de contributos angariados nos últimos dois anos, a REDE espera, com expectativa, que a tutela se comprometa enfim com a reformulação do Modelo de Apoio à Artes.

12/10/18

12/10/2018. Declaração REDE | Grupo de Trabalho para Aperfeiçoamento do Modelo de Apoio às Artes

 

 

A REDE aceitou fazer parte do Grupo de Trabalho de Aperfeiçoamento do Modelo de Apoio às Artes, no qual participou com a maior disponibilidade para dialogar, suportada nos pressupostos dos trabalhos que desenvolveu anteriormente. A REDE entende esta participação como necessária, apesar de manter que o Modelo de Apoio às Artes precisava de ser reformulado e não apenas aperfeiçoado. Decorrida a totalidade deste processo, a REDE considera necessário manifestar que o presente relatório não espelha de forma inequívoca a complexidade das discussões tidas no seio do GT e segue uma organização que, embora alinhada com as temáticas a tratar primeiramente identificadas, não distingue aspetos essenciais de aspetos secundários, plasmando conclusões que ficam aquém dos considerandos que o GT foi integrando como importantes salvaguardar junto do MC. Também por falta de tempo e por força da densidade das temáticas, a intervenção do GT limitou a sua discussão ao que está atualmente confinado na legislação, acabando por se concretizar em propostas de aperfeiçoamento legal, em vez do melhoramento efetivo do sistema de apoios e da sua reformulação. Não obstante os resultados plasmados em alguns pontos deste relatório, que vão de encontro a reivindicações antigas da REDE, este não abrange todas as suas preocupações no que concerne o Apoio às Artes, não considerando a REDE, por isso, findo o processo de defesa de um sistema mais adequado à realidade e atualidade nacionais.

12/07/18

Nova Página Web da REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea

A partir de junho de 2018 a consulta de informação atualizada sobre a REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea, suas atividades e documentação encontra-se disponível em www.rededanca.pt

22/03/18


DECLARAÇÃO DE POSIÇÃO

SOBRE O NOVO MODELO DE APOIO ÀS ARTES

I. A comunidade artística em Portugal tem direito à definição e aplicação de uma política cultural clara e consistente com a contemporaneidade, que se reflita em instrumentos de regulação, dotação orçamental e calendarização ajustados às reais necessidades do setor e dos cidadãos, assegurada por uma Tutela munida de competências e recursos orientados para a excelência.

II. Considera a REDE que o Novo Modelo de Apoio às Artes em que se integram os atuais concursos de apoio sustentado não corrige o anterior em aspetos fulcrais e não está suportado numa clara política cultural que o enquadre, revelando-se tecnicamente inadequado para garantir uma justa e correta atribuição de apoios ao setor artístico.

III. Ainda que a REDE considere absolutamente necessário o reforço orçamental recentemente anunciado para os Apoios às Artes, que deve ser aplicado a todos os concursos, para a correção, a curto prazo, das assimetrias graves perpetuadas ou mesmo agravadas pelo Novo Modelo, não pode aceitar a continuação de um sistema enfermo, que continuará a ter um impacto nefasto no setor cultural a médio e longo prazo.

1. REFORMULAÇÃO DO MODELO DE APOIO ÀS ARTES

1.1. Durante quase dois anos, o setor cultural acolheu o adiamento do ciclo concursal para reformulação do Modelo de Apoio às Artes vigente na expectativa da criação de um Novo Modelo ajustado à atividade e necessidades do setor.

1.2. Contudo, isso não se verificou com a publicação do novo Decreto-Lei, do novo regulamento (portaria) e na concretização do concurso aos Apoios Sustentados às Artes lançado no final de 2017, que não só não traduz uma nova política cultural estruturada e reforçada, como se revela tecnicamente deficitário e cria novos constrangimentos ao setor sem resolver os anteriormente existentes.

1.3. Apesar de durante todo o processo de revisão legislativa a REDE ter colaborado ativamente na reflexão desencadeada, participando com documentos de princípio, pareceres técnicos e sugestões, não se revê no resultado proposto e no Modelo de Apoios assumido.

1.4. Em fevereiro/março de 2018, face aos resultados já conhecidos dos concursos aos Apoios Sustentados às Artes, evidenciam-se várias fragilidades deste Novo Modelo, algumas delas apontadas durante o processo de consulta e não revistas, e outras sentidas durante o processo de candidatura, que não demonstrou os sinais de desburocratização e simplificação anunciados e desejáveis, nem conseguiu resolver os principais problemas do anterior sistema: calendarização, dotação orçamental adequada ao cômputo global e à correção de assimetrias regionais, competição entre entidades de naturezas, missões, atividades e escalas completamente diferentes.

1.5. O Modelo proposto não é um Novo Modelo mas sim uma equívoca revisão do anterior, não apresentando uma reformulação dos Apoios às Artes que considere e valorize a diversidade do setor. Como começaram a revelar os resultados dos concursos, e como era infelizmente expectável, não é possível defender a diversidade sem a introdução de critérios e graus de exigência igualmente diversificados. Um Novo Modelo de Apoio às Artes deve extravasar a distribuição financeira dos apoios, regulando, priorizando e fomentando o desenvolvimento salutar e transversal do setor.

1.6. O recurso a apoios extraordinários, prorrogações e reforços de verba são medidas paliativas que não corrigem problemas de fundo. O reforço orçamental recentemente anunciado de 1, 5 milhões, atribuído na sequência dos resultados que se foram conhecendo nos últimos dias, desconhecendo-se ainda a sua aplicação, mal atenua efeitos imediatos e adia a resolução dos problemas existentes, confirmando a incapacidade de resposta do Governo, até agora, face ao subfinanciamento dos Apoios às Artes.

2. O QUE DEFENDEMOS

2.1. O Governo deverá reconhecer a fragilidade do Novo Modelo de Apoio às Artes e comprometer-se a rever cabalmente o sistema, em verdadeira colaboração com o setor, e sem comprometer a continuidade do seu funcionamento durante esse processo.

2.2. Assim, defendemos:

2.2.1. Uma radical renovação do Modelo de Apoio às Artes, acompanhada de um compromisso com uma verdadeira política cultural para o país.

2.2.2. Valores significativos de investimento para o setor tendo em conta as reais necessidades de desenvolvimento e não a existência de ajustamentos corretivos, não estratégicos, que demonstrem um investimento inequívoco coerente com a política cultural definida.

2.2.3. Prazos de concursos justos e exequíveis, com efeitos antes do início de execução das atividades, uma luta do setor de anos, apenas possível com concursos realizados no ano anterior àquele para o qual se candidatam os projetos, com contratualizações atempadas para a execução financeira e efetiva dos projetos.

2.2.4. Sistemas justos de avaliação, em que se compare o comparável, e concursos distintos para entidades com naturezas e missões distintas, pois o presente Modelo não resolve problemas estruturais, com consequências gravíssimas nos resultados dos concursos, por um lado persistindo em colocar no mesmo concurso estruturas de escalas e naturezas distintas, por outro lado incluindo no mesmo concurso estruturas independentes e estruturas que pela sua missão e/ou histórico são de facto entidades de cariz público.

2.2.5. Um Modelo que lance uma verdadeira descentralização cultural, com envolvimento e responsabilização efetivos dos Municípios e Associações de Municípios, não deixando o ónus dessa negociação nas mãos das estruturas independentes.

2.2.6. Um sistema de apoio às artes que salvaguarde os princípios da:

2.2.6.1. equidade (distribuição justa entre áreas artísticas, entre regiões, etc.);
2.2.6.2. progressão (entidades/projetos de diferentes dimensões com diferentes critérios de acesso);
2.2.6.3. transparência (políticas, critérios e informação atempada, clara e comunicada a todos);
2.2.6.4. eficiência (dos próprios organismos de Estado, cumprindo prazos e sistema proposto. Tome-se como exemplo um sistema de pontuação com aplicação correta, clara e objetiva);
2.2.6.5. simplicidade (desburocratização dos processos);

2.7. Uma Tutela eficiente e capaz de levar a cabo esta renovação, com a confiança do Setor, do Governo e da Sociedade, mas também com as condições e recursos necessários para pensar, discutir, alterar e aplicar um Modelo de Apoio às Artes justo.

2.8. Condições para, em conjunto com o Estado, desenvolvermos o nosso trabalho e desempenharmos o nosso papel de uma forma plena, atuando no desenvolvimento artístico, sustentado, do país.

REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea
Organização supra-associativa, constituída em 2004, que representa a comunidade da Dança Contemporânea Portuguesa e defende os seus interesses e a implementação de uma política cultural que assuma a importância da arte, e da dança contemporânea, enquanto elemento fundamental no desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Atualmente a REDE representa 32 estruturas.